terça-feira, 29 de setembro de 2009

Negue! e acenda uma vela*


Não me entenda mal, eu não sou volúvel, mas você tem que entender que minhas ânsias precisam ser acompanhadas. Já viu um dueto em que um dos músicos não toca no mesmo tempo da música e do parceiro?
Pois é baby, não existe, ai seria solo.
Você tem que aprender a me alinhavar primeiro, compreendo que não é tarefa simples, os meus pontos falham quando a agulha não está na medida, eu entorto e me espalho pelo chão do atelier. Sou escorregadia, é a natureza do tecido escolhido. Não me culpe, eles fizeram tudo por conta própria.
Eu segurei na sua gola de independência nata com força e tentei explicar, mas você sempre diz que sabe das escolhas que deve fazer e que lida muito bem com remendos de infernos que brotam no decorrer das necessidades da alma. Quando disse que sua alma é pequena, reiterou dizendo que quem afirma sempre nega algo.
Eu nego as voracidades não permitidas, as infelicidades escolhidas.
Sei dos rasgos nas suas fibras, que usar um tear antigo parece mais seguro.
Então me desalinhave de vez, jogue o tecido em água corrente, acenda uma vela, e fique de espreita na sua janela.
Eu sempre volto em forma de tempestade inesperada. E esse desejo será sua última negação.

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